Belmonte é uma vila cheia de história e tradição, situada no Monte da Esperança, no vale conhecido por Cova da Beira, na margem esquerda do rio Zêzere.
Por aqui andaram os romanos, que deixaram marcas espalhadas por todo o concelho. Até ao reinado de D. Dinis, foi um importante ponto militar, já que a fronteira com o reino de Leão lhe passava bem perto. Depois de envolvida em lutas com Castela, D. João I assume a tutela da vila e nomeia Luís Álvares Cabral alcaide do castelo, título que será concedido hereditariamente aos primogénitos da família. Um destes, Pedro Álvares Cabral, que descobriu o Brasil, deverá ter nascido nesta imponente fortaleza.
Mas a vila de Belmonte é também conhecida internacionalmente por albergar uma importante comunidade judaica, identificada no início do século XX. Desde os tempos da Inquisição que esta continuou a passar oralmente, de geração em geração (através do elemento feminino), as antigas tradições judaicas. Sem qualquer contacto com outros grupos hebraicos até 1974, acredita-se que é a última comunidade de origem cripto-judaica a sobreviver, enquanto tal, em toda a Europa. Um património cultural que hoje se pode descobrir no Museu Judaico da vila, o primeiro criado em Portugal. (Jornal Oje)
Museu Judaico de Belmonte
O Museu pretende ser um singular espaço pedagógico-didáctico sobre o Judaísmo e a cultura do povo judeu, cumprindo uma missão educativa. Fundamentalmente, ilustra a história dos judeus portugueses e as suas vicissitudes históricas; a sua integração na sociedade portuguesa e o seu contributo na cultura, arte, literatura, comércio e ofícios; e ainda a cultura e religião dos judeus, os seus rituais e costumes, na sinagoga e em casa. A história dos cristãos-novos, e a sua persistência religiosa judaica através dos séculos, será desenvolvida, integrada num espaço reservado à vida quotidiana. Outros espaços serão reservados para as suas actividades profissionais, comércio e artesanato: mercadores, ferreiros, carpinteiros, latoeiros, ourives, remendadores de pratos, etc. A evocação do passado assume-se muito relevante, como informação para as gerações actuais e futuras. Concretiza-se um projecto de musealização com mais de uma centena de peças originais (para lá de outras), da Idade Média e dos séculos XV, XVI, XVII, XVIII, XIX e XX, peças genuínas que foram utilizadas por judeus, cristãos-novos e seus descendentes, nos seus actos religiosos, na sua vida quotidiana e nas suas profissões.
UMA VISITA A TERRA DOS CRIPTO-JUDEUS EM PORTUGAL
No caminho para a tão aguardada Belmonte tivemos a primeira surpresa quando nos deparamos com uma cidade chamada Tomar. A visita a essa cidade não estava inicialmente planejada mas aproveitamos o momento para conhecê-la, pois sabíamos da existência de um monumento, tombado pela UNESCO, o Convento dos Templários. Caminhando pelas ruelas desta pequena cidade, para nossa surpresa vimos uma placa indicando à direção de uma sinagoga e atraídos pela inesperada curiosidade para lá nos dirigimos. Uma pequena casa utilizada até pouco tempo para fins comerciais, constituía a sinagoga de Tomar, provavelmente o mais antigo templo judaico de estilo gótico de Portugal .
Foi uma sensação agradável acompanhada de uma enorme emoção, visitar este templo,que foi adquirido e recuperado pelo mesmo engenheiro Samuel Schwarz. Um ambiente pequeno e discreto onde se destacavam quatro colunas, que representavam uma homenagem às quatro matriarcas de Israel: Sara, Rebeca, Raquel e Lia.