Mais de 700 manifestantes foram presos na ponte do Brooklyn, em Nova York, sábado 17 setembro último, durante a maior passeata do movimento contra a ganância corporativa batizado de “Ocupar Wall Street” – que há duas semanas tomou conta do coração financeiro da cidade. Veja vídeo
Idelber Avelar, na Revista Forum, conta como foi esse sábado:
Não foi uma multidão de proporções egípcias mas, para o contexto dos EUA, é extremamente significativo, e ela promete não ir embora. Começou a ocupação de Wall Street. Alguns poucos milhares de pessoas saíram às ruas, neste sábado, no sul da ilha de Manhattan, o coração do capital financeiro dos EUA. Elas prometem permanecer lá e muitos apostam que a concentração vai crescer. Completamente ignorada pela mídia televisionada e impressa, o movimento se articulou pela internet. Convocada pelo movimento Ocupar Wall Street, dentro do qual se faz presente o Anonymous, a manifestação inclui
uma série de demandas que há muito tempo não eram vistas na esfera pública estadunidense:
1 – Que os protestos continuem ativos nas cidades. Que cresçam, se organizem, se conscientizem. Nas cidades em que não há protestos, que eles sejam organizados e quebrem o sistema.
2 – Convocamos os trabalhadores não apenas a entrar em greve, mas a tomar coletivamente os seus locais de trabalho e organizá-los democraticamente. Convocamos professores e alunos a agirem juntos e a lecionar democracia, não apenas os professores aos alunos, mas os alunos aos professores. Ocupem as salas de aula e libertem as cabeças juntos.
3 – Convocamos os desempregados a se apresentarem como voluntários, a aprenderem, a ensinarem, a usarem as habilidades que tenham para se sustentarem como parte da comunidade popular que se revolta.
4 – Convocamos a organização de assembleias populares em cada cidade, cada praça, cada câmara municipal.
5 – Convocamos a ocupação e o uso de prédios abandonados, de terras abandonadas, de todas as propriedades ocupadas e abandonadas pelos especuladores, para o povo e para cada grupo que organize o povo.
Mostrando que a democracia dos EUA já não é a mesma, a polícia bloqueou os quarteirões de Wall Street que ficam entre as ruas Broadway e William. Não houve grandes distúrbios neste sábado, mas a polícia nitidamente se confundiu com o caráter descentralizado da manifestação. Vários presentes relataram que era insistente a demanda “queremos falar com o líder”, ante a qual a resposta recebida era invariavelmente “não há líder”.
Aconteceu que a violência das 700 prisões
fez o movimento crescer. E não há como continuar a censura na grande imprensa. Não há como esconder uma multidão.