Roubar no Brasil é um bom negócio

Preso pelo príncipe de Mônaco, Salvatore Cacciola já está solto para gozar a grana que roubou do Banco Central. A quadrilha dele foi condenada, mas nenhum bandido viu o sol quadrado. Roubar no Brasil é vantajoso

Cacciola foi preso em um cassino de Mônaco. Estava lá com uma amante, gastando o dinheiro dos brasileiros. Turista da justiça, foi pego por que esqueceram de tirar o nome dele da lista de procurados da Interpol.

A prisão me pareceu injusta. Que toda sua quadrilha, formada por dirigentes do Banco Central, também condenada, e só Cacciola terminou na cadeia. Preso em Mônaco, esqueceu de trazer o dinheiro que levou do Brasil para a Itália.

Em 2001, lançou o livro

“Eu, Alberto Cacciola, Confesso: o Escândalo do Banco Marka”

Neste livro Cacciola não apresenta uma confissão, apesar do seu título. No livro faz acusações contra Fernando Henrique Cardoso, policiais, juízes, senadores, procuradores e economistas e jornalistas. E mostra como funciona a venda de sentenças, intermediada por advogados de renome, na justiça do estado do Rio de Janeiro. Clique e fique sabendo quantos bilhões o Brasil perdeu.

Escreve Leonardo Attuch:

A algumas quadras do Coliseu, na Via Petroselli, em Roma, há um pequeno

monumento à corrupção brasileira

Chama-se FortySeven. Sim, este é o nome de um hotel em Roma, que pertence a ninguém menos que Salvatore Cacciola, o ex-dono do Banco Marka, que acaba de deixar o presídio, em Bangu, no Rio de Janeiro, tendo cumprido apenas um terço de sua pena.

Tido como um dos mais sofisticados endereços de Roma, o FortySeven ganhou esse nome porque tem 47 quartos, minuciosamente decorados. Um luxo. Era lá que Cacciola desfrutava sua dolce vita depois de ter fugido do Brasil, após o escândalo do Banco Marka. Para quem não se lembra, em 1999, na desvalorização do real, o banqueiro tomou um jatinho, pousou em Brasília e praticamente obrigou o Banco Central a vender dólares para o Marka de forma subsidiada. Uma operação que, segundo os procuradores, causou prejuízos de R$ 1,5 bilhão ao sistema financeiro nacional. E o trunfo de Cacciola era o vínculo estreito que ele mantinha com dois economistas do Rio de Janeiro – os irmãos Bragança – que lhe repassavam informações privilegiadas do Banco Central.
Um pacote explosivo.

Quando o escândalo veio a público, o governo FHC foi colocado nas cordas, com a queda do então presidente do Banco Central, Francisco Lopes, e a quase demissão do ministro da Fazenda, Pedro Malan. Cacciola foi condenado pela Justiça e preso, mas, valendo-se de um habeas-corpus, protagonizou uma fuga espetacular pelo Uruguai, de onde zarpou para a Itália. E lá, com o pé de meia que acumulou no Brasil, fez do FortySeven um pequeno oásis romano. Leia mais. Veja como é fácil roubar no Brasil, quando se tem um amigo ladrão na presidência de um banco

Publicado por

Talis Andrade

Jornalista, professor universitário, poeta (13 livros publicados)

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